Imagine a cena.
Você está numa sala de reunião falando de estratégia com sua diretoria. As prioridades já estão bastante definidas: tem cinco grandes frentes estratégicas, cada uma com seu roadmap, seus OKRs, seus desafios. Lindo.
Aí entra a tal da IA.
E não como uma promessa distante — mas como uma necessidade urgente. Todo mundo sente: chegou a hora. Só que aí surge a pergunta silenciosa:
“Como a gente encaixa IA aqui… sem explodir tudo? Será que dá para dar um jeito?”
Spoiler: não se trata de encaixar ou de dar jeitos. Trata-se de transformar.
A nova equação estratégica: foco + tecnologia + intenção
No Brasil, o discurso em torno da IA tem evoluído rápido — mas o modelo de decisão ainda está preso no passado com processos lentos, insegurança e até burocracias. Empresas tentam “adicionar” IA às suas prioridades, como se fosse mais uma iniciativa para empilhar.
Mas pensa bem, a IA que gera resultado não é uma prioridade nova. É um novo jeito de impulsionar o que já importa. Geralmente, para as empresas existem dois eixos, redução de custos e crescimento de receita. A mega diferença é que os custos na teoria “só” poderiam chegar a zero (só que não!), enquanto a geração de receita via novos canais, formatos, modelos pode ser infinita. Você concorda?
As empresas costumam começar pelas economias para fomentar o crescimento. Mas na real, o ideal é ter uma combinação e equilíbrio entre as duas.
Pense assim:
- Se a sua prioridade é crescimento → IA pode personalizar experiências e acelerar conversões.
- Se é eficiência → IA pode automatizar processos e reduzir retrabalho.
- Se é inovação → IA pode abrir novos modelos de produto e serviço.
O segredo? IA não compete com suas prioridades. Ela as potencializa.
Desde que você faça uma coisa antes: escolher com clareza onde começar. Você precisa ter uma estratégia e combinar o jogo internamente.
Grandes transformações começam pequeno, aos poucos e sem pausa
Nas nossas conversas com o C level, a maioria dos líderes que vi tendo sucesso com IA no Brasil fez o oposto do que muitos imaginam. Em vez de tentar procurar o último case do seu segmento que a empresa Y implementou ou “escalar IA” desde o início, eles focaram. Testaram. Aprenderam. Ajustaram. E só depois escalaram.
Três perguntas para líderes que querem fazer IA funcionar de verdade:
- O que mais importa para a sua empresa hoje?
A famosa frase, “Se tudo é prioridade, nada é”. IA precisa estar a serviço de um objetivo claro, não como um “plus” desconectado. - Você conhece os limites do seu time?
Transformação real respeita a capacidade humana. Comece pequeno, mas comece com foco. - Você está disposto a simplificar para acelerar?
Escolher o que deixar de lado é um ato de liderança. E é o que diferencia estratégia de apenas empolgação.
IA não é só sobre tecnologia.
É sobre visão.
Transformação digital com IA não começa com um hackathon ou uma nova stack de dados. Começa com uma decisão:
“Nós vamos fazer menos coisas. Mas vamos fazer melhor. Com inteligência. Com propósito.”
Quando você muda a forma de pensar, a IA deixa de ser um projeto técnico e passa a ser um amplificador estratégico do que a sua empresa já faz de melhor.
Ela não vem para substituir — vem para potencializar talentos, decisões e resultados.
E essa jornada se fortalece ainda mais quando áreas como RH caminham juntas desde o início.
São elas que carregam a cultura organizacional, compreendem as pessoas e criam o ambiente ideal para que a transformação realmente aconteça de forma sustentável.
Porque, no fim das contas, a IA é poderosa — mas são as pessoas que a tornam transformadora.
TI terá um papel essencial como parceiro técnico, claro. Mas a liderança dessa mudança precisa vir do coração da organização: das áreas que conectam estratégia, propósito e gente.
Quando tecnologia e cultura caminham lado a lado, a IA deixa de ser só uma inovação — e se torna o catalisador do próximo capítulo da sua empresa.
IA é o convite para liderar de forma mais estratégica
Você não precisa fazer tudo agora. Nem precisa ser o primeiro em tudo. Mas precisa ter a clareza e a coragem de dar o primeiro passo.
- Pense grande.
- Comece focado.
- Crie espaço real para algo novo florescer.
IA não exige perfeição pois não existem playbooks de décadas de história. Porém ela exige intenção e ação.
E empresas que entendem isso não só sobrevivem à nova era — elas lideram.
Gosto muito de uma frase do Marc Vidal que a gente fala nos nossos workshops e acredito que faz sentido agora:
“Cuando todo cambia, el que no cambia siempre pierde, y el que cambia casi siempre gana”